Uma das abordagens de gestão que mais tem contribuído para a agilidade nas organizações chama-se Management 3.0. Mas o que é Management 3.0?
Atualmente a taxa de mudanças em todos os setores está cada vez maior. Pessoas, equipes e empresas estão cada vez mais conectadas entre si através da internet.
Empresas tradicionais são o tempo todo ameaçadas por inovações disruptivas como nunca antes vimos. O poder de decisão de compra, que até alguns anos atrás estava nas mãos das indústrias, agora está nas mãos do consumidor.
Inovação é palavra de ordem para a empresa que não quer ficar pra trás ou morrer. Diante de tantas mudanças, a pergunta que tira o sono de muitos executivos é:
- Como posso crescer nosso negócio e como fazemos para que nossa empresa seja incrível para nossos clientes e nossos colaboradores?
- De que forma podemos fazer com que nossos colaboradores sintam orgulho de trabalhar conosco?
Para encarar um desafio tão complexo como este, as empresas verdadeiramente ágeis estão repensando sua forma de fazer gestão e abandonando as práticas clássicas de gerenciamento que foram criadas a mais de 100 anos atrás - práticas baseadas no comando e controle - e as substituindo por uma nova filosofia de gestão: Management 3.0.
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O que é Management 3.0
Management 3.0 foi criado pelo holandês Jurgen Appelo, considerado um dos principais nomes de liderança e gerenciamento da atualidade.
Empreendedor, autor e escritor, Jurgen contribui intensamente na invenção do futuro da agilidade organizacional, ajudando empresas criativas a sobreviver e ter sucesso no século XXI.
Jurgen observou que, mesmo empresas que adotavam métodos e frameworks ágeis (como Scrum ou Kanban, por exemplo) facilmente esbarravam em um limite de desempenho que não tinha relação com métodos ou frameworks, mas sim com pessoas.
Sua vasta pesquisa e vivência prática deram origem ao Management 3.0.
Em 2010, Jurgen Appelo apresentou esta filosofia de gestão formalmente através de seu livro "Management 3.0 - Leading Agile Developers, Developing Agile Leaders". Em 2016, Jurgen lançou outro livro que complementou o anterior: Managing for Happiness.
Este estilo inovador de gestão é hoje um movimento global que reúne milhares de gestores, executivos, gerentes de projeto, gerentes de produto, CEOs e empreendedores de diversos países.
Nesta palestra do TED, Jurgen Appelo compartilha um pouco do seu pensamento sobre gestão.
Por que Management 3.0?
Management 3.0 representa uma inovação em relação a outros estilos de gestão, chamados por Jurgen de 1.0 e 2.0. Vejamos algumas características desses estilos.
Management 1.0
Nesta abordagem, a empresa é gerenciada como uma máquina e o que se busca é somente eficiência. A maioria das pessoas são consideradas partes executoras e substituíveis do sistema.
Imagem: Management 3.0
Afinal, é assim que gerenciamos uma máquina - trocando peças enferrujadas ou que não funcionam. Neste estilo de gestão, toda a gestão é feita através de comando e controle.
Como o foco neste ambiente é "fazer do jeito certo o que é mandado", os níveis de confiança, comprometimento, criatividade e inovação em geral são baixos.
Management 2.0
O estilo 2.0 representa a empresa passa a reconhecer que as pessoas são ativos valiosos e que os gestores precisam atuar como líderes-servidores para ajudar a empresa a crescer.
Imagem: Management 3.0
As empresas começaram a reconhecer as lacunas e os problemas do 1.0 e, portanto, o adaptaram com alguns “complementos” para abordar algumas deficiências.
Modelos e práticas como Balanced Scorecard, Six Sigma, Theory of Constraints, Total Quality Management, Project Management entre outras, passaram a ser adotadas por muitas empresas na tentativa de obter mais controle, mais previsibilidade, mais governança e mais otimização.
No estilo 2.0, porém, o foco continua apenas nos gestores. No fundo, as hierarquias se mantêm rígidas e inflexíveis e as mudanças continuam sendo impostas através de ferramentas pseudomodernas de comando e controle.
Burocracia, lentidão na tomada de decisão e insatisfação dos colaboradores são problemas que continuam latentes.
Quais as limitações dos estilos 1.0 e 2.0?
Os estilos acima (1.0 e 2.0) se baseiam no pressuposto de que é possível controlar e prever o futuro em quando as coisas mudam e, portanto, podemos usar esta previsão para "resolver" os problemas.
Conforme as empresas precisam que lidar com complexidade e incerteza crescentes, torna-se muito difícil prever como as mudanças afetarão seus sistemas.
Desta forma, a abordagem tradicional de gerenciamento simplesmente começa a não funcionar mais. As “melhores práticas” de gestão de 100 anos atrás simplesmente passam a não dar mais resultado.
Mas por que não?
Na gestão 1.0 e 2.0 enxergam a empresa como uma máquina composta de “peças” intercambiáveis e substituíveis que se juntam para formar um todo.
Então, assim como um relógio, se compreendemos as partes individualmente, conseguimos compreender o comportamento do todo, afinal, o todo é composto pelas partes.
Porém, conforme as conexões e a complexidade aumenta, a empresa passa a ser vista não mais como uma máquina (forma reducionista de enxergar uma empresa), mas como um organismo complexo vivo, que se adapta às mudanças do ambiente, com células colaborativas individuais que trabalham juntas para alcançar um resultado compartilhado.
Assim funcionam os sistemas complexos como nosso corpo humano, uma colmeia de abelhas ou a internet. Esses são exemplos típicos de sistemas complexos.
Em um sistema complexo, não conseguimos determinar com clareza as relações de causa e efeito.
Não importa quão bem planejado ou profundamente compreendido algo seja, não podemos evitar comportamentos inesperados ou resultados indeterminados.
Ao enxergamos uma empresa como um sistema complexo, ao invés de uma máquina, reconhecemos a incerteza e a volatilidade que existe dentro e fora da organização e passamos a gerenciar de outra forma para obter melhores resultados.
Management 3.0
A abordagem do Management 3.0 nasceu para tratar a empresa como um organismo e não algo mecânico.
Em uma empresa tradicional, com uma hierarquia bem definida e inflexível, o processo de tomada de decisões, na maioria das vezes, é muito lento e burocrático pois a inteligência da decisão é centralizada e especializada, criando uma série de gargalos.
E nós já sabemos o que acontece com uma empresa lenta nos dias atuais...
Na visão do Management 3.0, inova-se a abordagem de gestão e liderança para que a organização tenha sucesso no atual ambiente volátil e complexo dos negócios.
Gestão passa a ser uma responsabilidade coletiva e os gestores gerenciam o sistema em vez de gerenciar pessoas.
Alguns são responsáveis pelo todo, e muitos são responsáveis por partes do sistema.
Imagem: Management 3.0
Nesse tipo de abordagem percebe-se um aumento no nível de engajamento e felicidade dos colaboradores, gerando mais resultados para o negócio.
A organização é vista como uma cidade na qual as pessoas podem tomar decisões, contanto que gere benefícios para todo o sistema ou comunidade.
Através do Management 3.0, fomentamos a descentralização ou distribuição da inteligência da decisão.
Isso não significa que todos podem fazer o que quiserem (anarquia), mas significa que podemos deixar as pessoas certas tomarem a decisão certa, no momento certo, com as restrições certas, da maneira mais rápida possível, criando o maior valor possível para a os clientes e para o negócio.
E os gerentes?
Management 3.0 reconhece o gerente como um papel fundamental. Sim, precisamos de gerentes!
Não para comandar e controlar, mas para gerenciar os sistemas de trabalho nos quais as pessoas irão atuar no seu melhor potencial para o bem do negócio e dos clientes.
Management 3.0 transforma o papel do gerente em um facilitador que melhorar todo o sistema, através das restrições certas.
As 6 visões do Management 3.0
Para comunicar as práticas do Management 3.0, seu autor Jurgen Appelo desenvolveu 6 visões.
Cada visão representa um pilar fundamental para criar um ambiente engajado e produtivo. Não é uma metodologia ou framework.
Vejamos quais são essas 6 visões e seus princípios.
- Energize as pessoas - as pessoas são a parte mais importante da empresa, e os gestores devem, portanto, fazer o que estiver ao seu alcance para manter as pessoas ativas, criativas e motivadas.
- Empodere os times - times podem se auto-organizar, e isto requer empoderamento, autorização e confiança dos gestores.
- Alinhe restrições - para a auto-organização gerar resultado, é preciso compartilhar recursos, ter um propósito claro e metas bem definidas.
- Desenvolva competências - os times não conseguem atingir seus objetivos se os membros do time não forem capazes o suficiente, e os gerentes devem, portanto, contribuir com o desenvolvimento de suas competências.
- Crescer a estrutura - muitos times atuam no contexto de uma empresa complexa, portanto é importante considerar estruturas organizacionais que melhoram a comunicação.
- Melhorar tudo - pessoas, times e a empresa precisam melhorar continuamente.
Para cada uma das 6 visões existem diversas práticas e jogos que são detalhados nos nossos workshops oficiais.
Management 3.0 ou Métodos Ágeis?
As práticas do Management 3.0 nasceram em ambientes ágeis de trabalho. Um dos objetivos do seu criador era potencializar os resultados dos métodos ágeis e demais frameworks como Scrum e Kanban.
Enquanto os métodos ágeis olham para processos colaborativos, clareza de papéis e gestão do fluxo de valor, as ferramentas do Management 3.0 ajudam a aumentar o nível de engajamento e a qualidade da comunicação.
Neste sentido, podemos dizer que métodos ágeis e Management 3.0 são amplamente complementares.
Por Que Usar Management 3.0?
As ferramentas do Management 3.0 trazem benefícios claros como:
- gerar real engajamento na empresa;
- desenvolver as competências das pessoas;
- desenvolver times que assumem responsabilidades;
- construir uma cultura de confiança entre as pessoas;
- fomentar atos de liderança em todos os níveis da empresa;
- tornar a empresa mais ágil através das pessoas.
Como Adotar o Management 3.0?
Não existe receita de bolo para responder essa pergunta. Management 3.0 não é algo que se "instala", ou se "implementa".
Por outro lado, é algo que se experimenta. Esta é a palavra chave. Uma vez que você aprende a filosofia do Management 3.0 e suas ferramentas, o primeiro passo é experimentar aquelas que você acredita gerarem valor.
Portanto, experimente e avalie os feedbacks junto às suas equipes. Experimentação é o segredo do sucesso.
Exemplos de Empresas Que Utilizam o Management 3.0
Diversas empresas no Brasil e no mundo adotam práticas do Management 3.0 no seu dia a dia. Aliás, o Brasil têm uma das maiores comunidades do mundo.
Como exemplos, temos nossos colegas do PagSeguro, Conta Azul, Banco Itaú, Oracle, Thompson Reuters, entre muitas outras.
Quais os Benefícios do OKR no Management 3.0?
Desde 2020, OKR se tornou uma ferramenta oficial do Management 3.0. Eu como especialista de OKR fiquei muito feliz.
OKR é uma forma de aumentar a clareza de objetivos, o engajamento e criar um ambiente de autonomia com responsabilidade.
Por isso, OKR é considerado algo que "cai como uma luva" dentro do pacote de ferramentas do Management 3.0.
Não é um framework a mais
Embora as práticas antigas de gestão tenham sido extremamente úteis no passado, devemos reconhecer que algumas delas não são mais adequadas para nos ajudar a enfrentar a nova realidade.
Management 3.0 não é mais um framework de gestão como muitos que já existem.
É um modelo mental, combinado com um conjunto de ferramentas, práticas e jogos em constante evolução que ajudam a fomentar a auto-organização gerando maior agilidade para o negócio.
Concluindo, Management 3.0 está redefinindo conceitos de gestão e liderança em diversos países do mundo.
É uma abordagem que busca o trabalho em conjunto para encontrar a maneira mais eficaz de uma empresa atingir seus objetivos, enquanto mantém a felicidade dos trabalhadores como uma de suas prioridades, garantindo que todos os membros da equipe se importem com o que fazem, que tentem melhorar todos os dias e que os clientes estejam felizes.
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